Quem sou eu ?

Minha foto
Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Jeitos de Amar



E perguntou pela terceira vez: - Simão, filho de João, você me ama? Então Pedro ficou triste por Jesus ter perguntado três vezes: "Você me ama?" E respondeu: - O Senhor sabe tudo e sabe que eu o amo, Senhor! E Jesus ordenou: - Tome conta das minhas ovelhas.(João 21:17)


Uma personagem põe-se a lembrar da mãe, que era
danada de braba, mas esmerava-se na hora de fazer
dois molhos de cachinhos no cabelo da filha, para
que ela fosse bonita pra escola.


"Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor".
É comovente porque é algo que a gente esquece:
milhões de pequenos gestos são maneiras de amar.
Beijos e abraços são provas mais eloqüentes,
exigem retribuição física, são facilidades do corpo.


Porém há diversos outras demonstrações mais sutis.
Mexer no cabelo, pentear os cabelos, tal como
aquela mãe e aquela filha, tal como namorados
fazem, tal como tanta gente faz: cafunés.
Amigas colorindo o cabelo da outra, cortando
franjas, puxando rabos de cavalo, rindo soltas.


Quanto jeito que há de amar.
Flores colhidas na calçada, flores compradas, flores
feitas de papel, desenhadas, entregues em datas
nada especiais: "lembrei de você".
É este o único e melhor motivo para azaléias,
margaridas, violetinhas.

Quanto jeito que há de amar.
Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de
carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta
respondida, uma mensagem pelo celular, repartir o
que se tem, cuidados para não magoar, dizer a
verdade quando ela é salutar, e mentir, sim, com
carinho, se for para evitar feridas e dores desnecessárias.

Quanto jeito que há de amar.
Uma foto mantida ao alcance dos olhos, uma
lembrança bem guardada, fazer o prato predileto de
alguém e botar uma mesa bonita, levar o cachorro
pra passear, chamar pra ver a lua, dar banho em
quem não consegue fazê-lo só, ouvir os velhos,
ouvir as crianças, ouvir os amigos, ouvir os parentes, ouvir.

Quanto jeito que há de amar.
Orar por alguém, vestir roupa nova pra
homenagear, trocar curativos, tirar pra dançar, não
espalhar segredos, puxar o cobertor caído, cobrir,
visitar doentes, velar, sugerir cidades, filmes, cds,
brinquedos, brincar...

Quanto jeito que há.


Adélia Prado

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Porque sofremos ?



“O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden ( delicias ) para cuidar dele e cultiva-lo. E o Senhor Deus ordenou ao homem: “ Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá.” Gn2.15. NVI



George Barna, perito em pesquisa de opinião pública, foi encarregado de questionar as pessoas sobre o que perguntariam a Deus se tivessem oportunidade de assim fazê-lo. Por uma esmagadora margem de vantagem, a pergunta mais recorrente foi: Por que há tanto sofrimento no mundo?

Para respondermos a essa pergunta é necessário fazermos uma reflexão séria sobre o que a Bíblia tem a dizer sobre Deus e o homem, e sobre a condição de um para com o outro.

Sobre Deus a Bíblia diz que ele é amor 1 Jo. 4.8. Deus não tem o amor ele é a propria manifestação do mesmo, a essencia dele. O amor se manifesta em três níveis: a miséricordia, a paciência e a graça que é o beneficio outorgado a nós sem merito, é um favor imerecido.

Ele é santo Ez. 39.7. A palavra santo contém a idéia de separação. A santidade de Deus expressa-se mediante a retidão, Deus estabeleceu um governo moral neste mundo, isso significa que Ele decretou leis sob as quais devemos viver (Ex. 20.1-17). A santidade de Deus expressa-se também mediante a sua justiça Ele administra as suas leis com equidade; recompensando os que lhe obedessem e castigando os que não lhe obedessem, é o que os teologos chamam de justiça punitiva e remunerativa. A santidade de Deus se vê obrigada a nos castigar, mas não a nos recompensar, a essa remuneração denominamos graça.

Sobre o homem a Bíblia diz que ele é um ser criado por Deus e dependente dele ( Gn. 1.26,27; 2.7,21-23. ) e que este ser dependente decidiu se emancipar de seu criador, adotando assim uma atitude de rebeldia e desobediência contra Deus ( Gn.2.16,17; 3 ), transgredindo assim o mandamento divino recebendo assim a punição e as consequencias de seu ato.

A esse ato os teologos denominam de pecado original. Agostinho diz “ o pecado é essencialmente negativo: é o deixar de seguir a orientação divina ; é a não obediência diante do aviso que esclarece a vontade de Deus.”

O pecado de Adão consistiu numa oposição a Deus, recusando-se a deixar que Deus determinasse o curso de sua vida desse monento em diante o ser humano corrompeu-se em sua natureza e passou a ter aversão a Deus e as suas leis.

Esse ato teve consequências terriveis sobre a raça humana, Bruce Milne comenta: “ O pecado transtornou o homem na sua relação com Deus, com si próprio, com a ordem e o tempo (natureza), e com seu semelhante.” Sobre os efeitos desse ato pecaminoso J. Scott Horell comenta falando das cinco divisões que ele causou: 1) Espiritual (entre o homem e Deus Gn. 3.22-24; Is. 59.2); 2) Psicossomatica (do homem consigo mesmo ou em si mesmo); 3) Sociológica (o homem do homem); 4) Antro-ecológica (o homem da natureza); 5) Ecológica (a natureza da natureza).

Por essa avaliação descobrimos que a causa do sofrimento é o próprio ser humano (Pv.19.03; Lm.3.39). Descobrimos então que a causa do sofrimento não é Deus, porém, ele o usa para nossa disciplina e educação (Sl. 119.67; Pv.3.11-12; Hb. 12.5-11). Agora tentarei dar uma explicação sobre a idéia errada de que Deus esta passivo e indiferente ao sofrimento humano. O salmo 116 nos diz que Deus importa-se com o nosso sofrimento e que intervem a nosso favor, podemos ver isso também no livro de Jonas 4.10 e o no evangelho de João 11.33-36.

Devemos entender também que Deus não age de forma a quebrar ou infrigir as suas leis, em outras palavras, ele não usa o “geitinho brasileiro” para beneficiar-nos.

A maior prova disso é a cruz de Cristo onde vemos a justiça de Deus sendo aplicada em Jesus por amor a nós, é mediante esse sacrificio vicario (substituto) que reavemos nossa condição de bem-aventurança (Jo.3.16; Rm. 6.23; 5.1; 8.1,2,31-39). É Deus quem toma a iniciativa em mudar a nossa sorte e ele faz isso simplesmente porque nos ama e quer o nosso bem isso esta implicito por toda a Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Leia a Bíblia e Deus lhe abriará os olhos para que veja e entenda a imensidão do amor que ele tem por todo ser humano.
Porque Dele, por Ele e para ele são todas as coisas eternamente amém.

Por: Gilcélio Rebouças

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Usando a alavanca da vontade


"Liderar não é impor; mas despertar nos outros a vontade de fazer."


Foto: Ana Claudia Luz , em frente ao barco do Grenpeace (31/01/09) . Apresentação de Fernando Anitelli. (idealizador, condutor e diretor da trupe “O Teatro Mágico").

9° Fórum Social Mundial em Belém-PA

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Pulsando em preto e branco


Um dia antes, a ansiedade. Falta cada vez menos tempo para o Vozão entrar em campo. É mais da metade da população vibrando antes mesmo de o jogo começar. No momento em que a equipe adentra o gramado, criançada à frente, antevendo futuro promissor, coração balança forte, começa a pular para cima e para baixo, se mover de um lado para o outro. Emoção pura. Do campo para as arquibancadas, os jogadores fervem o sangue com o que assistem, bandeiras tremulando, sons que fazem o concreto balançar. Isso é o meu Ceará.
Bola rolando, jogadores totalmente de branco, seja variando com o preto, se deslocam, ora lentamente, por vezes com rapidez, e a voz já quase rouca - mas não menos forte - do mais numeroso público do Nordeste e um dos maiores do País, começa a pedir garra e, se atendida, sabe retribuir. Vitória no campo, no dia seguinte açougueiro e feirante baixam os preços, vendem sem lucro, camelô dá quase de graça, para que ganhar mais? Afinal, o Ceará deles venceu, eles são vencedores, é o que de mais importante há. Torcer Ceará é isso. Isso é torcer Ceará.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

2009: 10 anos da minha turma do Colégio Cearense



http://www.colegiocearense1999.blogspot.com

Aos que me conhecem o mínimo da minha historia de vida, sabe o carinho que tenho pelo Colégio Cearense Sagrado Coração (Antigo Marista Cearense, fechado em 2007).
Naquela casa tive oportunidade de aprender tudo que sou hoje, vivi 15 anos , como aluno e posteriormente como funcionário.
Pena que o tempo é cruel e já se passaram 10 anos.Mas ainda hoje tenho saudades de tudo que passei por lá.
Até hoje passo a pé pela Católica do Ceará (assumiu as dependências antes do fechamento da escola) para "paquerar" com minha placa e beber água com gás...rsrsrsrs (é sério)
Sou Ex-Aluno da turma de 1999 e juntamente com meus colegas de caminhada, vamos celebrar os de 10 anos num emocionante reencontro.
Será um ano nostálgico , com certeza. Mas vai valer a pena.

Ex aluno SIM, Ex Marista NUNCA.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Se eu soubesse


Se eu soubesse que o mundo terminaria amanhã, hoje ainda plantaria uma árvore.

Martin Luther King Junior (15 de janeiro de 1929 - 4 de abril de 1968). Também conhecido como Martin Luther King. Pastor da Igreja Batista e ativista político norte-americano.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Definitivamente, os tempos mudaram.


Valeu galera, postei essa figura lembrando dos meus parceiros-imãos adolescentes,que muito tem contribuido na minha caminhada.
Com vocês, ao Serviço d’Ele,
Thiago

Uns falam demais,outros escutam de menos


"Lembrem disto, meus queridos irmãos: cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva."
(Tg 1:19 - Nova Tradução na Linguagem de Hoje)
Pense nisso!
Em Cristo,que teve domínio próprio.
Thiago Oliveira Braga

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Salmo 103




Ah, alma minha, bendiga a Deus. Da cabeça aos pés, bendirei seu santo nome!


Ah, alma minha, bendiga a Deus, não esqueça sequer de uma única benção!


Ele perdoa seus pecados - todos eles. Ele cura suas enfermidades - todas elas.


Ele redime você do inferno - salva a sua vida!


Ele lhe coroa com amor e misericórdia - uma coroa de felicidade.


Ele o envolve em bondade - beleza eterna.


Ele renova sua juventude - você está sempre jovem em sua presença.


Deus faz com que tudo acabe bem; coloca vítimas em pé novamente.


Ele mostrou a Moisés como fazer sua obra, expôs seus planos a todo Israel.


Deus é pura misericórdia e graça; não se zanga facilmente; ele é rico em amor.


Ele não resmunga e ralha interminavelmente,


nem guarda rancor para sempre.


Não nos trata como nossos pecados merecem,


nem nos devolve a paga por nossos erros.


Tão alto como o céu está da terra, assim é forte o seu amor


por aqueles que o temem.


E tão distante quanto está o por do sol do nascer do sol,


ele nos separou de nossos pecados.


Como os pais têm sentimento por seus filhos,


Deus sente por aqueles que o temem.


Ele nos conhece pelo avesso,


tem constantemente em mente que somos feitos de barro.


Homens e mulheres não vivem por muito tempo;


como flores silvestres brotam e florescem, mas logo uma tempestade os extingue,


não deixando nada para mostrar que estiveram aqui.


O amor de Deus, no entanto, é constante e eternamente presente


para todos que o temem,


fazendo com que tudo dê certo para eles e seus filhos


enquanto seguem os caminhos de Sua Aliança


e lembram-se de fazer tudo o que disse.


Deus estabeleceu seu trono no céu; ele domina sobre todos nós. Ele é o Rei!


Assim sendo, bendigam-no, vocês anjos, prontos e aptos a voar ao seu


comando, rápidos para ouvir e fazer o que ele diz.


Bendigam a Deus, todos vocês exércitos de anjos,


alertas para responder a tudo o que ele desejar.


Bendigam a Deus, todas as criaturas, onde estiverem - tudo e todos feitos por Deus


E tu, alma minha, bendiga a Deus!



Paráfrase da Bíblia feita por Eugene Peterson.


Viver


"Quando se tem um porquê viver, pode, quase sempre, suportar um como viver"
Friedrich Nietzche

Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça


A descrença implume cairia como uma pedra
Através da plenitude de ventos ascendentes, em camadas;
o falcão de cauda vermelha voa e paira, sem pressa
Embora faminto, despreza preguiçoso
As refeições fáceis de refugo putrefato,
Esperando astutamente a presa esquiva: um vazio visível
Sobre uma invisível plenitude.
O sol pinta de cobre a cauda japonesa em leque, estampando
Penas contra o imenso céu
Para minha delícia, e abençoa
Com um feixe de luz o pássaro de melhor visão
Que se atira veloz sobre uma serpente
Em uma morte determinada pelo Gênesis

(Eugene Peterson, O Pastor Contemplativo, p. 111)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

“OUTRO MUNDO É IMPOSSÍVEL” (PARA A REDE GLOBO)


A mídia televisiva brasileira e o Fórum Social Mundial/2009
É simplesmente uma violência à sensatez o que faz a mídia televisiva nesses dias de Fórum Social Mundial (FSM) em Belém do Pará e de Fórum Mundial Econômico em Davos. Como me frustrei frente à expectativa de ter ido a Belém, decidi estabelecer relativa vigilância especialmente quanto à cobertura da mídia televisiva em relação ao evento no norte do Brasil. Apenas agreguei frustração sobre frustração.

Noam Chomsky nos conta que a primeira investida midiática visando a introjeção de valores e a produção de consensos alienantes no povo se deu em meio ao governo Woodrow Wilson, nos Estados Unidos. Diz Chomsky que a sociedade americana, à época marcada pelo pacifismo e sem ver razões para a intromissão de seu país na Primeira Guerra mundial, teria sido forjada por meio da propaganda governamental a assumir uma postura decididamente beligerante e anti-germânica.

O caso da mídia televisiva brasileira é semelhante. A ocultação das atividades do FSM por parte dela é somente mais um artifício ideológico cujo fim é manter no povo o consenso da passividade. Assim, seguimos vivendo como se essa realidade cruel e excludente na qual vivemos fosse natural, e como se ela fosse o produto de forças que estão além de nossa ação transformadora.

A “destra” mídia televisiva no Brasil prefere oferecer maior espaço à fatídica e insossa reunião de Davos para incutir na massa o devaneio de que é possível dar continuidade a um modelo econômico culpado por vitimar dois terços da população mundial. Henrique Dussell havia dito na última edição do FSM, que estamos assistindo ao último estertor de um sistema fundado em bases mancas. É verdade. Certamente Dussell estava se referindo ao pressuposto arrogante que alimenta as ações do mercado mundial globalizado neoliberal, de que vivemos num planeta de recursos ilimitados.

Não obstante, a tevê trata a reunião de Davos com a expectativa de que é possível rearranjar o falido mercado neoliberal. Realça a falta da pompa de anos anteriores, sobretudo a ausência de grandes celebridades da cultura atual, mas não se aprofunda criticamente numa reflexão sobre os porquês disso. Menciona descarada e sarcasticamente a voracidade consumista dos chineses ali presentes, e se contenta em resenhar os fatos como quem não vê nada grave diante de si, mas somente uma enxaqueca que será curada com a engenhosidade dos sacerdotes do capital.

Sobretudo a Rede Globo.

Por outro lado, o evento em Belém permanece propositalmente negado aos milhões de telespectadores brasileiros. Os diminutos flashes da tevê sequer chegam a divulgar a divisa do FSM: Outro mundo é possível.

Sim! O que o FSM vem alardeando há oito anos nada mais é que o princípio evangélico de que não se remenda pedaço de pano novo em colcha velha, e nem se põe vinho novo em vasos velhos. Se as Igrejas Cristãs teimam em não compreender que princípios evangélicos como esses não devem ficar estritamente reféns da interpretação tipicamente religiosa, os Movimentos Sociais e as articulações da esquerda mundial tomam a voz e falam em seu lugar. Se as Igrejas Cristãs não conseguem enxergar que a grande idolatria que se pratica hoje é a dirigida ao deus-mercado, ao custo da despersonalização, da invisibilidade e da mutilação de dois terços da população mundial, esses movimentos tomam a dianteira e fazem-no em seu lugar.

O FSM se constitui, dessa forma, num grito e numa articulação coletiva de quem não quer pôr remendo em pano velho. E aqui, a despeito da vexatória vista grossa que faz a mídia televisiva do Brasil, é preciso perceber que as razões para se ter esperança são muito maiores. Porque aí, outra vez em consonância com o evangelho, se crê que a esperança é um fermento que vai levedando a massa. Edgar Morin dizia que as grandes revoluções na história, em diversos domínios (político, cultural e também religioso), tiveram início na preleção pessoal de uma única pessoa. O FSM de Belém recebe cerca de oitenta mil pessoas. É um número pequeno. Mas deve ser pensado em termos de representatividade. É uma demonstração do que vem ocorrendo em variados cantos do mundo em termos de esperança utópica e de inconformidade com o presente estado de coisas.

O evento de Belém, como os demais encontros do FSM, não objetiva o fim do mercado mundial globalizado. O mercado é um dos muitos aparatos artificiais e um dos maiores construtos culturais de que se tem conhecimento. Dele decorre a sobrevivência direta de considerável parcela da humanidade. O que se objetiva, portanto, é que se relativize esse mercado, que peca, sobretudo, por produzir não em função dos interesses humanos, mas em função das demandas e necessidades exclusivas de seus próprios financiadores. Ademais, peca por manter as escandalosas relações assimétricas e neocoloniais entre países ricos e pobres, proporcionando a esses últimos a permanência crônica na condição de emergentes. Nas últimas duas décadas o grande fetiche neoliberal que vem sendo perseguido tenazmente é a construção de um sistema de relações econômicas que prescinda das intervenções estatais. Bem próxima a nós, latino-americanos, a cogitação da ALCA constitui-se exemplo eloqüente dessa hybris neoliberal.

O FSM deseja alardear também que é possível outra economia, sobretudo uma economia que seja marcada pela solidariedade. Como um exemplo, uma economia solidária não pode se resignar ante a realidade do latifúndio. A qualquer observador mais atento salta aos olhos o fato de que o latifúndio e a monocultura são sempre terríveis agressões ao homem e à natureza. O caso alagoano é dos mais conhecidos – e negligenciados – do Brasil. Uma economia solidária não pode conviver, como aqui se convive, com o fato de que apenas 24 famílias possuam 70% das terras agricultáveis do Estado.

Essa expressão – economia solidária – esconde a amplitude de sua proposta. Quer ser solidária, em primeiro lugar, com os pobres. Além disso, quer ser solidária com a natureza, sobretudo quando se trata de estabelecer relações ambientais que objetivem a produção de uma sociedade sustentável. Por fim, quer ser solidária com as futuras gerações, o que está vinculado especialmente com a questão ambiental. Deseja-se aí produzir em função das reais necessidades humanas e coletivas. Além disso, deseja-se aí romper com o sistema piramidal e concentrador da renda e dos meios de produção, criando uma atmosfera cooperativista que permeie todo o processo produtivo. As experiências que se têm feito em todo Brasil – não sem muita luta e por vezes sangue derramado – têm se mostrado muito profícuas.

A queda do Muro de Berlim, em 1989, foi recebida entre os setores mais reacionários da política e da economia mundial (e também entre boa parte da intelectualidade) como o fim das utopias inspiradas de alguma maneira pelo marxismo. Muitos viram ali a “pá de cal” na aventura esquerdista. Boaventura de Souza Santos chega a dizer que o neoliberalismo ganharia ares de objetividade, se confundindo com a própria realidade. Mas o funeral da esperança é algo sempre inconcluso! O FSM quer ser uma grande amostra disso.

Se for para transformarmos em objetividade qualquer arranjo sócio-político-econômico humano, que façamos com aquele que melhor distribua entre mulheres e homens o produto de sua atividade laboral. Façamos com aquele que melhor dignifique as pessoas e não as deixe em estado de invisibilidade. Façamos com aquele que melhor cuide do planeta, fonte de toda riqueza que o homem frui. Façamos com aquele que dê vez e voz aos pobres, para que superem sua posição de oprimidos. O FSM só existe ainda porque se crê que tais coisas são possíveis. E porque seus pares trabalham com a melhor acepção do vocábulo utopia – um lugar que não existe de fato, mas já existe no coração.
Paulo Nascimento

O que estou fazendo ?



O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Martin Luther King Junior (15 de janeiro de 1929 - 4 de abril de 1968). Também conhecido como Martin Luther King. Pastor da Igreja Batista e ativista político norte-americano.